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O Aqueduto de Lisboa

Mandado construir por D. João V, no século XVIII aproveitando ruinas de um aqueduto romano, que data do século III, referido como Aqueduto Romano de Olisipo e que tinha início na barragem romana de Belas, a cerca de 10 km de Lisboa. A existência desta barragem e do aqueduto romanos no vale de Carenque foi utilizada como argumento pelos defensores da construção do Aqueduto das Águas Livres que seguiu um trajeto semelhante ao antigo aqueduto romano. Esta obra resistiu incólume ao Terramoto de 1755.


Aqueduto de Lisboa


Historia

Desde que as populações se começaram a instalar na região de Lisboa, que a escassez de água potável era uma constante. Apesar da existência de um rio no local, o Tejo, e várias ribeiras desde Sintra e Oeiras que ligavam a este, a sua água era imprópria para consumo, pois a ampla foz do rio faz com que a água seja contaminada pelo mar, tendo por isso níveis de salinidade inadequados.


A única área de Lisboa com nascentes de água era o bairro de Alfama. Com o crescimento da cidade para fora das cercas medievais foi-se instalando uma situação de défice crónico no abastecimento de água.

Foi ganhando então força a ideia de aproveitar as águas do vale da ribeira de Carenque, na região de Belas. Estas águas foram primeiramente utilizadas pelos romanos, que aí haviam construído uma barragem e um aqueduto.


Em 1571, Francisco de Holanda (1517 - 1585) propõe a D. Sebastião (1554 - 1578) na sua obra Da Fábrica que Falece à Cidade de Lisboa que estabelecesse uma rede de abastecimento de água que servisse a cidade de Lisboa, rede essa que tinha já sido iniciada pelos romanos. Os vestígios do aqueduto romano eram ainda suficientes para que tivessem sido considerados, em 1620, para a passagem das Águas Livres de Lisboa. Anos mais, já no reinado de D. João V, um novo imposto especial é criado pelo rei, em 1728, para a construção do aqueduto. Esta taxa confundiu-se com o real da água, um imposto igualmente sobre a carne e vinho e que já existia desde o tempo de D. Manuel I e que fora utilizado para outras obras de saneamento no país.





Um ano depois, em 1729, foram nomeados três homens para a elaboração do plano de construção do sistema que incluiria a construção de um troço monumental do aqueduto sobre o vale de Alcântara. Esses três homens eram António Canevari, arquiteto italiano, o Coronel Engenheiro Manuel da Maia e João Frederico Ludovice, arquiteto alemão, responsável também pelo Convento de Mafra.

Aqueduto de Lisboa

Em 1731, o Alvará Régio do rei D. João V ditou o início do projeto. Um ano depois, Canevari é afastado da direção do empreendimento, tendo sido substituído por Manuel da Maia. Este orientou o traçado que o aqueduto deveria seguir desde a nascente até à cidade. O sistema iria terminar num enorme "cálice" a partir do qual sairiam várias condutas que ligariam aos muitos chafarizes espalhados por Lisboa. Optou-se por um aqueduto forte mas não magnífico, fazendo contudo um castelo monumental já dentro da cidade onde chegaria a água, edifício o qual a população poderia melhor apreciar devido à sua proximidade.

A obra passou a ser dirigida pelo húngaro Carlos Mardel, que haveria de ter, após o grande terramoto de 1755, um papel crucial na reconstrução da Baixa Pombalina. Foi ele que decidiu instalar a Mãe d'Água perto do Rato, nas Amoreiras, ao invés da proposta inicial de se localizar em S. Pedro de Alcântara. A solução foi muito questionada e criticada, sobretudo por Ludovice, que queria que o "cálice" fosse construído onde inicialmente tinha sido pensado, mas mesmo assim a obra continuou.

Aqueduto de Lisboa

Em 1748 o aqueduto ficou terminado, transportando diariamente cerca de 1300 m³ de água, três vezes mais que a oferta original. Com um total de 127 arcos, o troço mais conhecido, e mais visível, do aqueduto das Águas Livres é o que passa sobre o vale de Alcântara. Tem 941 metros de comprimento e é constituído por 21 arcos de volta perfeita e 14 arcos centrais em ogiva. De todos os catorze arcos em ogiva destaca-se o Arco Grande. O maior arco da imponente arcaria foi a parte de mais difícil execução neste troço, e talvez de toda a obra. Mede 65 metros de altura e dista 29 metros entre pegões, sendo o maior arco ogival do mundo. Teve de assim ser concebido devido à passagem da ribeira de Alcântara entre os seus pegões.


Período de Funcionamento

Depois de ter entrado em funcionamento, em 1748, toda uma nova rede de chafarizes e fontes foi construída na cidade, alimentados por gravidade, como por exemplo o Chafariz da Esperança. Desde logo, também, a capacidade do aqueduto foi aumentada devido às crescentes necessidades de água potenciadas pelo crescimento demográfico da cidade. Os sucessivos aumentos do aqueduto, principalmente a montante, com o objetivo de fazer chegar até ele mais água, totalizaram um comprimento de 58 135 metros de galerias subterrâneas e também elevadas.

O caminho público por cima do aqueduto, esteve fechado desde 1837, em parte devido aos crimes praticados por Diogo Alves (o Pancadas), um criminoso que lançava as suas vítimas do alto dos arcos depois de as roubar, simulando um suicídio, foi entretanto apanhado pelas autoridades e condenado por enforcamento. Foi o último condenado à morte da História de Portugal.

Em 1880, a importância do aqueduto diminuiu bastante devido ao início da exploração das águas do Alviela, através do Aqueduto do Alviela que levava a água até ao reservatório dos Barbadinhos onde a água era elevada com máquinas a vapor, alimentando Lisboa de água potável. O aqueduto manteve-se porém em funcionamento até 1967 através da colocação de tubagem de metal que transportava água de outras origens (são visíveis ainda no interior as sapatas de betão onde assentavam), tendo sido definitivamente desativado pela Companhia das Águas de Lisboa em 1968.



Outras curiosidades

A EPAL retomou a circulação no Aqueduto das Águas Livres a partir de 2023, cinco décadas depois de ter sido completamente desativado por causa da diminuição dos caudais das nascentes. Circuito pode ser útil em incêndios, regas e em catástrofes como sismos. Empresa vai instalar 200 bebedouros em Lisboa, com estrutura para que a água também possa ser consumida por animais de estimação, além de recuperar os chafarizes lisboetas e abastecer com água o lago do Jardim do Príncipe Real.



Fonte: EPAL



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