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Calçada Portuguesa ou Calçada á Portuguesa

  • Foto do escritor: Catarina
    Catarina
  • 1 de out. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 29 de ago.

As emblemáticas calçadas portuguesas, que são hoje um símbolo português de cultura e arte. Pretas e brancas, simétricas ou não, as calçadas têm formas e desenhos que narram uma época. Quando se originou, em meados de 1500 as “calçadas à portuguesa” como eram conhecidas, utilizavam o granito trazido da região do Porto como matéria prima. Porém, o transporte tornou a continuação da obra inviável. Mais tarde, após o terremoto que devastou Lisboa, as calçadas, tal como as que conhecemos hoje, foram construídas com pedras de calcário preta e branca, e aplicadas em cubos com enquadramento diagonal. Reis, terremotos, presidiários e até um rinoceronte protagonizaram essa história, e hoje vamos contar um pouco mais sobre as Calçadas Portuguesas que encantam a todos que visitam Portugal.


Calçada Portuguesa Lisboa


A sua origem remonta á epoca dos Descobrimentos, como os navios partiam sempre vazios para os seus destinos, no sentido de regressarem ao país carregados de bens e mercadorias, necessitavam de aumentar a sua carga para garantir a sua estabilidade de navegação, o que em gíria marítima se chama de lastro. Ora, a solução foi carregar estas embarcações com pedra portuguesa.

Uma vez nos países de destino, foram os jesuítas e os militares que tiveram a ideia de as aplicar nas vias por onde passavam.


Este foi o primeiro passo daquilo a que, só no século XIX, se viria a chamar de calçada portuguesa, desta vez em solo português.

O revestimento de passeios, praças, pracetas e até a utilização destas pedras calcárias, claras e escuras, em obras de arte, colocadas de forma a criar desenhos, padrões, e muitas vezes de forma desordenada, são hoje uma das imagens de marca do nosso país.


A Origem da Primeira Calçada

A primeira calçada portuguesa pode parecer mito, mas as calçadas portuguesas tiveram origem por conta de um Rinoceronte chamado Ganga. Sim, a história se passou por volta de 1500 quando o Rei D. Manuel I de Portugal recebeu de presente do fundador do Império Português no Oriente, Afonso de Albuquerque, um rinoceronte ornamentado. O animal na época foi um acontecimento peculiar para Lisboa e toda Europa, já que desde o século III não se via um rinoceronte no continente. Foi a primeira vez que um animal de grande porte foi visto por estas bandas, desde a altura dos romanos.

Rinoceronte ganga

Como o rinoceronte ficou famoso na cidade, o Rei o levava para um cortejo durante as festividades de seu aniversário. No entanto, o gigante mamífero de quase 2 toneladas andava pelas ruas e acabava por sujar as patas de lama e também toda a comitiva. O rei então ordenou que fosse pavimentado a rua com pedras de granito vindas da cidade do Porto para a ocasião a fim de resolver um problema.



A primeira rua calcetada, foi a Rua Nova dos Mercadores, antes Rua Nova dos Ferros. Elas têm início nas datas em 20 de Agosto de 1498 e 8 de Maio de 1500 com cartas régias assinadas pelo Rei D. Manoel I. Nessa época, o material utilizado foi o granito trazido da região do Porto, que mais tarde foi extinguido pela dificuldade de transporte.


Calçada portuguesa Rossio Lisboa

Os Primeiros Calceteiros

Após o terremoto de 1755 que atingiu Lisboa, a reconstrução foi resumida às necessidades primarias e emergenciais e as calçadas portuguesas ficaram em segundo plano.

calceteiros lisboa

Já passado um século, no ano de 1842, o Governador de Armas do Castelo de São Jorge, tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado, que era um engenheiro e conhecedor das técnicas de construção romanas, ordenou que fosse “calcetada” a Praça do Castelo de São Jorge utilizando pedras de calcário branco e basalto negro. A mão de obra utilizada foram os presos da cadeia do Limoeiro, que por trazerem argolas de ferro e correntes nos pés eram chamados de ‘’grilhetas’’.

Esta então criada a primeira calçada decorativa, mais conhecida hoje por Calçadas Portuguesas. A praça exibia um enorme tapete com formas zigue-zague que impressionou todos os lisboetas que por lá passavam. Infelizmente não é possível hoje vermos essa bela obra, pois com as reformas do Castelo na década de 40, a calçada foi destruída, deixando nenhum resquício do que esteve lá um dia.

Ao longo do tempo foram afinando técnicas para a produção de uma boa calçada portuguesa. Estas passam por várias fases: preparação do piso, assentamento de pedras que evitam posteriores deformações do pavimento, acabamento e compactação final, entre outras. Tudo isso exige trabalho de calceteiros formados que dominam práticas muito exigentes.


Calçada Portuguesa Chiado Lisboa
Largo do Chiado, Lisboa

Se olharmos com atenção podemos descobrir, ocultos nos vistosos desenhos, imagens variadas que nos surpreendem a cada passo.

Um cacho de uvas, um pássaro, um relógio, um barco ou até mesmo o rosto que nos sorri, são alguns dos curiosos segredos na calçada portuguesa que nos fazem parar para apreciar e reflectir sobre a sua existência e os homens que as conceberam.


Visto de cima, o Largo do Chiado, em Lisboa, assemelha-se a uma roseta de renda. Pedra branca pontuada a pedra negra, convergindo para o centro, com a estátua do poeta do século XVI, António Ribeiro Chiado, e recortada pelos carris do eléctrico 28. É um dos pedaços mais emblemáticos da calçada portuguesa, parte integrante da história de um dos símbolos do urbanismo em Portugal.

Mas com o impacto positivo que o calcetamento tinha deixado em Lisboa, não demorou muito para que novas praças fossem revestidas de pequenas pedras calcárias. Seis anos mais tarde, a importante praça do Rossio foi calcetada sob comando do mesmo engenheiro-militar tendo 8712 m2 revestidos em 323 dias. A praça com o desenho que simulava ondas pretas e brancas foi nomeada Mar Largo em homenagem aos descobrimentos Portugueses.

Mais tarde foi reproduzido no calçadão da praia de Copacabana do Rio de Janeiro. Após diversas reformas, o Rossio acabou por perder boa parte desse revestimento restando apenas uma área ao redor da estátua de D. Pedro IV. Felizmente, em 2003, o grandioso tapete foi refeito e mantém a grandiosidade do que já foi um dia. Com desenhos de ondas que transmitem ilusão de óptica dependendo do ponto de vista de quem observa.



Uma Profissão em Declínio

Apesar do merecido cartaz turístico que constitui a calçada portuguesa e a devida homenagem aos calceteiros através de um monumento, a profissão de calceteiro está, ainda hoje, longe de ser devidamente valorizada e por isso não são muitos os que se candidatam a aprender tão duro ofício.


Mas será que a dureza do trabalho corresponde a homens menos sensíveis ou desprovidos de sentido estético? Ao analisar estes curiosos segredos na calçada portuguesa que lhe trazemos e que se encontram espalhados um pouco por toda a cidade onde está presente a calçada artística, temos evidentemente de concluir que não.

Na verdade o calceteiro obedece a um desenho previamente definido geralmente por um artista plástico. Contudo, a forma e disposição das pedras é determinada por si e diz muito do nível de conhecimento técnico e sensibilidade que é necessário ter para desenvolver este trabalho.


A Escola de Calceteiros, criada pela CML em 1986, trouxe de certa forma um reconhecimento pela profissão e procura, junto dos seus formandos, transmitir não só a técnica mas também o valor que o seu ofício tem.

Porque há uma grande diferença entre tapar buracos com pedras que logo se soltam, provocando irregularidades incómodas de que os transeuntes tanto se queixam, e um trabalho executado com rigor que exige pedras bem talhadas que encaixam na perfeição e nesse caso constituem um dos melhores pisos públicos que existem.


Esta é uma arte identitária portuguesa que tanto é apreciada no estrangeiro e que já se encontra replicada em muitas partes do mundo.

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